Com o objetivo de promover atividades culturais, sociais e educacionais, o Universidade Aberta para Idosos (UNAPI), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), retomou, neste semestre, as atividades presenciais após mais de dois anos de pandemia. Através de oficinas e disciplinas organizadas professores e alunos de diferentes cursos, como Educação Física, Enfermagem, Teatro e História, o projeto abre as portas do ambiente acadêmico para a população com 60 anos ou mais.

Segundo a professora do curso de Educação Física, coordenadora do UNAPI e também representante da UFPel no Conselho Municipal do Idoso de Pelotas, Adriana Cavalli, o projeto existe desde 2016 e defende o propósito de pensar nos idosos como pessoas ativas, buscando proporcionar conhecimento e qualidade de vida. "Ter os idosos inseridos em um contexto social como esse os mantêm longe de doenças, beneficiando a saúde mental, a autoestima e a saúde física", avalia.Durante a pandemia, foi desenvolvida uma programação online para manter os participantes envolvidos nas atividades. A coordenadora do projeto também conta que, neste período, foram realizadas diversas aulas e mais de 40 palestras a distância que contaram, inclusive, com a colaboração de outras instituições, como a Universidade de Brasília e a Universidade do Estado de Santa Catarina.

Este ano, com o retorno presencial, o projeto está em atividade com os grupos: Neuróbica - exercícios para o cérebro, Oficina da Saúde do Idoso, Oficina de Lazer, Tópicos da História de Pelotas, Cinema UFPel e Ateliê de Teatro - Memória e Poesia. O cronograma tem previsão de término em 22 de novembro.

Estímulo à memória e ao convívio social
Entre as oficinas oferecidas pelo UNAPI, a Neuróbica é uma das mais antigas e que mais faz sucesso. A ministrante e professora do curso de Terapia Ocupacional da UFPel, Zayanna Lindôso, explica que o grupo tem o objetivo de desenvolver as capacidades cognitivas. "A Neuróbica traz uma proposta de quebra de rotina, de fazer coisas de formas que você não faria tradicionalmente. Assim, funções como atenção e memória, que são o principal alvo das queixas deles, são trabalhadas através desses exercícios que são desafiadores para o cérebro", detalha.

Além dos exercícios cognitivos, a professora também destaca o papel do projeto na vida social dos participantes. "A vinda deles para cá representa também um espaço de novas convivências e de novas formações de laços afetivos e sociais".

A importância do grupo se confirma com quem participa. As aposentadas e amigas Marise Damasceno, 74, Gessi Ferrari, 67, Daniza Campos, 74, e Tereza Moreira, 73, que se conheceram através do UNAPI, contam que começaram a frequentar o projeto em 2016 e, desde então, não abrem mão de participar das atividades. "Estar aqui é um encontro espetacular e um aprendizado que estamos sempre renovando", ressalta Gessi.
Enquanto o retorno presencial é um reencontro para as colegas mais antigas, para quem é recém-chegada, como a aposentada Maria de Fátima Kutter, 68, o momento é de boas perspectivas para as aulas. "Gostei muito até agora e a expectativa é bem grande. Eu tinha noção que o cérebro também precisa de exercício e que a Neuróbica seria isso. A gente já fez exercícios bem interessantes", conta.

Através de teoria e prática, os participantes desenvolvem suas capacidades, descobrem conhecimentos diferentes e enriquecem ainda mais a vida após os 60 anos. "Agora nós temos tempo e liberdade para estudar e fazer as coisas que gosta. Aqui a gente descobre atividades e habilidades que nem achava que tinha", finaliza Tereza.

Como participar A participação nas atividades é gratuita e destinada para pessoas acima de 60 anos da comunidade externa à UFPel. As inscrições para as atividades deste semestre já encerraram. Novas informações sobre futuras atividades do projeto devem ser divulgadas no site da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão. A procura, entretanto, costuma ser bem grande, com fila de espera.